terça-feira, setembro 13, 2005

EMFIM, O JORNALISMO AMDURECE

O novo manual é importante para quem está iniciando no jornalismo e não tem conhecimento sobre a legislação brasileira

Nem só de diplomas vive o jornalismo brasileiro. Enquanto jornalistas novatos, sem experiência na prática do trabalho, se engalfinham nas faculdades em busca de diplomas de mestrado ou doutorado, coisas simples e práticas são realizadas neste Brasil de meu deus.
O repórter Luís Fernando Rocha, do blog http://www.soblogs.blogger.com.br, envia e-mail com dois endereços bem interessantes e que faço questão de repassá-los para os demais colegas jornalistas de todo o país e até mesmo para os que estão fora do Brasil.
Primeiramente, Rocha envia o sítio do Terceiro Tribunal de Justiça Regional Federal (http://www.trf3.gov.br/usu/manual/manual.htm) informando sobre o lançamento, em segunda edição ampliada, revista e inteiramente atualizada do manual ‘Noções de Direito para Jornalistas – Guia Prática’, editado, impresso e patrocinado pela própria instituição judicial.
A publicação, inteiramente gratuita, pode ser obtida pelo programa PDF, mas com um leve inconveniente: o interessado terá que levar entre 15 a 20 minutos, conforme o computador e a velocidade da Internet que dispõe para gravar capítulo por capítulo do livro e não por inteiro como é comum em outras publicações. Isso não importa, pois vale ressaltar que o manual é de suma importância para que o profissional em jornalismo tenha conhecimento de como estar por dentro do sistema jurídico que agora, mais do que nunca, faz parte integrante da profissão.
Quem deseja ser jornalista não basta escrever bem, ter boas noções ou tiradas, ser ágil, perspicaz ou talentoso. Tem também que conhecer e muito bem sobre legislações atinentes às funções de jornalista, principalmente agora com a nova Lei de Imprensa que responsabiliza o profissional diretamente e não mais somente a empresa jornalística para a qual este presta serviços direta ou indiretamente. É o caso do colunista Luís Nassif recém condenado em ação movida pela Vale do Rio Doce.
O livro consta de oito capítulos, divididos em três partes, mais a Lei de Imprensa, glossário e os principais prazos judiciários. Os capítulos tratam de assuntos como: justiças privada, pública e internacional; do Estado e do poder institucional; da organização do poder judiciário; das instituições essenciais à administração da Justiça; dos conceitos básicos do Direito; da visão geral dos processos penal e civil; do caminho dos autos processuais; dos procedimentos especiais e do instrumento de tutela dos direitos e das liberdades.
Em sua ‘mensagem aos jornalistas’ (uma espécie de editorial ou apresentação), o desembargador Márcio José de Moraes, presidente do Tribunal Federal, informa que o manual visa facilitar a vida do profissional jornalista. “Esperamos, então, que aqueles que busquem dirimir suas dificuldades no mundo das letras jurídicas, encontrem aqui informações mais qualificadas”, esclarece.
Como não sou de aplaudir ações deste tipo, pois entendo que já deveriam ser praticadas há muitos anos pelos poderes constituídos deste país, enalteço, enfim, esta boa intenção do Terceiro Tribunal Regional de Justiça Federal, já que os nossos sindicados e a Fenaj não conseguem desenvolver idéias semelhantes. Que os nobres colegas façam bom proveito deste manual e que outras publicações deste nível surjam cada vez mais, tanto pelo lado da iniciativa estatal como privada.
Mais manual
Aliás, por falar nisso, retorno a enaltecer outro magnifico trabalho que se encontra à disposição dos colegas. Da mesma forma que o anterior, o colega Rocha envia endereço do sítio http://www.comunique-se.com.br/reporterdepolicia, onde pode ser encontrado o ‘Manual do Repórter de Polícia’, esplendidamente elaborado por Marco Antônio Zanfra, que possui a experiência de 13 anos como repórter do setor. “O repórter não sabe escrever perfeitamente sobre assuntos policiais e freqüentemente comete erros absurdos, como confundir rapto com seqüestro”, informa o autor do manual o motivo pelo qual levou a produzir a idéia. “Os erros cometidos pelos jornalistas são frutos da falta de referência que os repórteres têm na hora de apurar. Então entrevistei policiais, juizes e muitas pessoas ligadas ao tema”, emenda.
O acesso ao sítio é muito prático. Nele, o visitante terá disponível, por ordem alfabética, a 78 questões referentes as atividades de um repórter policial ou editor de Polícia, desde temas envolvendo aborto, passando por latrocínio até ultraje ao pudor. Todos os itens informam sobre os tipos de crimes e suas legislações vigentes e aplicações penais e cíveis.
Atenção editores do interior, que ainda tem o hábito de colocar na seção de Polícia qualquer iniciante de repórter, os chamados focas, devem se atentar sobre a legislação de imprensa que vem para penalizar de vez os péssimos costumes de ‘profissionais’ que acham que ser jornalista é um poder paralelo e intocável. Acabou a mamata.
Quanto aos iniciantes na função de repórter estejam atentos aos abusos de seus editores amparando-se unicamente no conhecimento da legislação em vigor. Escrevam aquilo que a lei permite e não o que mandam os editores e donos das empresas de comunicação do Brasil afora. Eu por exemplo, já perdi emprego de editor porque o dono do jornal queria que eu ‘fabricasse’ um notícia que era totalmente inverídica. Fui manda para o olho da rua e o jornal processado por ter publicado a falsa notícia. Estamos evoluindo!
***
PERGUNTINHA À TOA
Até quando irá arrogância e petulância de Zé Dirceu de ministro da Casa Civil?
DICAS
Para quem vive fuçando a Internet indico dois endereços que valem ser visitados já. O primeiro é: www.resgatehistorico.com.br, que mostra com fartos documentos e informações registros da conturbada guerrilha no Brasil. Já o outro é: www.alfredo-braga.pro.br/biblioteca, recheado de livros de qualidade da Literatura Internacional, como: 'Admirável mundo novo', Aldous Huxley; 'O estrangeiro', de Albert Camus; 'Conferência sobre Ética', de Ludwig Wittgenstein, e tantos outros que podem ser copiados sem qualquer custo algum. Para encerrar, como colher de chá, apresento mais dois endereços imprescindíveis: www.sobrenatural.org/site/livros/livros.asp e www.cartorio24horas.com.br.

O EXEMPLO DOS MENONITAS

















Na comunidade menonita, todos os membros da família são envolvidos na tarefa dos cultivos agrícolas, da casa, enfim o tempo deve ocupado com o trabalho e nas orações. Fora isso, só o momento de dormir e despertar para um novo dia

Vivemos uma época de plena modernidade, avanços tecnológicos ousados em várias áreas, globalização econômica em ebulição, universalização da cultura e do misticismo, liberalidade sexual, tentativa dos direitos individuais e às portas do período glacial, este profetizado por Tim Maia antes de sua morte repentina. Apesar de tudo isso, a humanidade não consegue encontrar razões e compreensões para as coisas que mais a inquieta internamente em sua alma ou espírito, como por exemplos: a morte, o por quê de ter nascido e de estar vivo, se há ou não deus, como entender o universo.
Há mais ainda: como ter paz neste mundo de tanta violência? Como conciliar todas estas conquistas com paz de espírito, quando há muita desigualdade? Diante de tantos avanços tecnológicos, convivemos com turbilhão de religiões e igrejas oferecendo todos os tipos de credos para alcançarmos a felicidade aqui, agora. Mas a decepção passa a ser maior ainda quando se descobre que por trás deste misticismo todo há muito de inverdades praticadas por líderes religiosos que visam apenas abocanhar um pouco (ou muito) dos bens materiais que a pessoa infeliz espiritualmente possui para tornar feliz sua vida pessoal e seu redor.
Raros são os exemplos de personalidades que fizeram de sua fé espiritual algo de concreto aqui na terra diante de uma humanidade afoita na busca da felicidade a qualquer custo. Deste seleto grupo dá para citar Jesus Cristo, Budha, Mahatma Gandhi, Martin Luther King, Krishna, Confúcio e outros.
Como resistir ao mundo que aí está, diante dos nossos olhos, mesmo tendo muito dinheiro a seu dispor? Isso é possível no mundo de hoje? Como ganhar tanto dinheiro e desprezar as benesses que ele oferece? Como ganhar um montão de dinheiro com o exaustivo trabalho e não se atentar ao mundo consumista, deixando de freqüentar Manhatan, as praças e cafés elegantes de Paris e os points da moda no planeta?
Mais ainda. Como possuir tanto dinheiro em banco e ganhá-lo sem tecnologia alguma, não sair do lugar onde vive, resistir às tentações do mundo, fazer jejum e ainda ficar feliz por ter conseguido superar estas proezas? Parece algo impossível, não é mesmo?
Este tipo de realidade não é utopia, ficção. É pura verdade e existe aqui no Brasil e em vários cantos do planeta. Trata-se da comunidade Menonita, ramo moderado dos anabatistas, cuja origem se deu em Zurique, na Suíça, no século XVI pelo ex-padre católico holandês Menon Symons (1496-1561), autor de diversos livros teológicos. Adeptos da não-violência, os menonitas não portam armas em hipótese alguma, não prestam serviço militar, nem ostentam luxo algum, consideram a escravidão uma realidade diabólica, são adeptos da prática do segundo batismo na fase adulta.
São exímios agricultores e vivem em grandes áreas rurais, distantes da vida urbana, recusando-se a participar de qualquer atividade social fora de suas comunidades. Para eles, é essencial a prática de uma vida cristã comunitária com base nos primeiros cristãos, despojando-se de qualquer regalia inventada pelo homem que leve à soberba, orgulho, inveja, ira, gula e espírito contrário do que é ensinado nos evangelhos bíblicos.
Proprietários de milhões de hectares de terras espalhadas por vários países do mundo, os menonitas produzem milhões de toneladas de grãos de soja, milho, arroz, feijão e outras culturas, assim como o leite. Fazem tudo sem utilizar-se de tecnologia alguma. Todo o trabalho é artesanal, braçal mesmo, como se ainda vivessem na idade média. Apenas se utilizam de pequenos tratores para arar e semear. Por causa desta economia, tudo o que ganham aplicam na aquisição de mais terras para abrir outras comunidades. Segundo os maiores especialistas em economia do mundo, os menonitas são detentores de uma das maiores fortunas do planeta, as quais se encontram depositadas em vários bancos.
Toda a riqueza das comunidades é repartida por igual para todos os membros, sem distinção de funções, já que não há hierarquias entre eles. Os maiores respeitos são dirigidos ao pastor e aos anciões de cada comunidade. Como não gastam o que ganham na compra de vaidades, o dinheiro é mantido em contas ou aplicado em programas de rendimentos fixos ou a prazo. Suas casas são bem feitas, amplas, dispondo de decoração simples, sem imagens, requintes e modernidades, por exemplo, não há energia elétrica. Mas há muito conforto e silêncio, abafados por orações em grupos, as mulheres conversando ou crianças brincando. Entre eles não há violência e roubo, pois tudo o que possuem, todos da comunidade tem. Em suas casas não há coisas valiosas que atraiam a atenção de outras pessoas de fora da comunidade, como televisão, jóias ou dinheiro.
As mulheres, apesar de vestirem muito colorido, usam roupas sóbrias, sem decotes. Os homens apenas vestem ‘jardineiras’ indigo blue, tanto para o trabalho como para as ocasiões de culto, reuniões sociais e quando vão à cidade. Apesar disso, a alimentação é farta, não faltando nada do que comer, sendo tudo produzido na própria comunidade. A educação inicial é toda feita nas propriedades rurais pelos próprios pais ou educadores de confiança. Algumas comunidades aceitam que os adolescentes saiam para estudar em escolas públicas, mas sempre sob a supervisão de alguém especialmente escolhido.
No Brasil, os menonitas chegaram em 1930, instalando-se no Rio Grande do Sul, onde fundaram a colônia Wittmarsun (nome da cidade de origem de Menon Symons). Duas décadas depois, em 1954, chegaram os primeiros missionários, provenientes dos EUA, e dez anos depois fundaram a primeira igreja com o nome de Associação Evangélica Menonita. Hoje, há comunidades menonitas espalhadas por diversos estados brasileiros como: Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Tocantins, Goiás, Brasília.
Na América Latina, os menonitas estão presentes em todos os países, principalmente nos EUA de onde partiram, vindos originalmente da Rússia, Suíça, Polônia, Alemanha. Devido a tradição germânica, os membros da comunidade procuram preservar o dialeto alemão arcaico: o plattdeutsch. Dos 17 aos 20 anos, os jovens fazem a confissão de fé, professando a crença na santíssima trindade: Deus (Pai), Filho (Jesus Cristo) e o Espírito Santo. Além disso, tem-se como costume primordial: viver em paz com o Senhor Deus, por meio de seu dileto filho Jesus Cristo e condenam o batismo de crianças. Tem na Bíblia, o único livro de leitura principal, acompanhado da publicação ‘O espelho dos mártires’, de 1660. Além da prática rotineira dos cultos, celebra-se as datas de 25 de maio e 24 de julho como de Ascensão de Cristo e de Pentecostes.
Para quem tem muito dinheiro e não deseja deixar o capitalismo de lado, mas se ressente da falta de paz interior, eis uma boa oportunidade de se integrar a uma comunidade em que os valores humanos e cristãos são levados seriamente ao pé da letra. Isto serve até mesmo como modelo de administração para muitos países em evolução, como o nosso Brasil. Os exemplos dos menonitas servem muito para serem refletidos.
* * *
PENSAMENTO (MAGISTRAL)
“O desemprego não se deve a conspirações, mas a políticas errôneas de governos incapazes”
Mário Vargas Llosa, escritor peruano
DEDO NA FERIDA
Afinal de contas plantar transgênicos no Brasil é contravenção ou não? Se não for, é melhor avisar os produtores para adquirirem sementes geneticamente modificadas de forma legal da Monsanto, sem usar as antigas sementes contrabandeadas da Argentina.

segunda-feira, setembro 12, 2005

EDUCAÇÃO - VALORES TROCADOS

Estranho, muito estranho este Brasil. Trata-se de um país em que as pessoas que realmente pensam o território brasileiro são marginalizadas, desprezadas ou esquecidas pelo sistema dominante, mesmo em pleno século 21. Na Europa, principalmente na Escandinávia, dá-se muito crédito a nomes de pessoas que de uma forma ou outra contribuíram significativamente para o desenvolvimento intelecto do povo.
Intelectuais escandinavos da estirpe de um Knut Hamsun, Søren Kierkgaard, Bjørnstjerne Bjørnson, Hans Christian Andersen, Ingmar Bergman, Liv Ullmann, sem deixar de lado Alfred Nobel, e tantos outros, por meio de seus trabalhos nos campos da cultura e da educação, deram suas parcelas de contribuição e hoje, mesmo mortos ou fora de suas atividades, são lembrados e enaltecidos por suas proezas. Seus livros, artes e projetos são mantidos intactos nos meios escolares, acadêmicos, jornalísticos e nas rodas intelectuais. Seus trabalhos são admirados, analisados, aperfeiçoados e transmitidos de geração em geração. Nem por isso a educação dos escandinavos deixam de ser modernos e atraentes.

No Brasil, a nossa sociedade, principalmente a classe dominante, as tradicionais famílias oligárquicas, que controlam o governo, fazem de tudo para que importantes nomes da intelectualidade brasileira fiquem à margem dos contextos culturais e educacionais, mais essencialmente distantes do povo. O hoje sociólogo Fernando Henrique Cardoso, que ficou oito anos na presidência do país, pouco ou quase nada fez para reavivar nomes esquecidos da intelectualidade brasileira. Uma atitude estranha, justamente por ele pertencer à classe de intelectuais brasileiros. No fundo, deu muito bem para entender o porquê de seu distanciamento em não dar espaço a nomes importantes da nossa cultura contemporânea. Mesmo tendo um Francisco Weffort, no Ministério da Cultura, o governo de FHC ficou subordinado ao sistema que comanda este país.

No governo que aí está, também se percebe que a situação permanecerá a mesma. Lula nomeou o baiano Gilberto Gil para o Ministério da Cultura. Este é ligado ao grupo de Cacá Diegues, cineasta que ficou rico às custas do dinheiro público sem fazer filmes de qualidades ou a altura dos altos custos dos financiamentos estatais. Paulo Francis sempre suspeitou de tanto dinheiro na vida de Cacá Diegues diante de uma produção cultural esdrúxula, sem qualidade. Por aí segue.

Retornando ao governo de FHC. Em seu período na presidência do país, ele mandou produzir milhões de exemplares de livros didáticos para as escolas públicas do país. Depois ficou comprovado que nenhum dos livros possuíam qualidades e métodos científicos plenamente adequados para o ensinamento das crianças e adolescentes brasileiros. Não teria sido mais fácil e eficiente se FHC tivesse reeditado obras de nomes que estudaram verdadeiramente a história e a cultura do país? Certamente que sim, mas, infelizmente, o sistema sempre vence. Aplicou-se bilhões de reais na impressão de livros sem valor metodológico para o ensino das futuras gerações de brasileiros. Mais um retrocesso a lamentar na história do Brasil.

Como temos a capacidade de deixarmos de lado nomes extremamente competentes de um Maurício Tragtenberg, Milton Santos, Paulo Freire, Caio Prado Jr, Celso Furtado, Darcy Ribeiro, Olavo de Carvalho, Aziz Ab¿Sáber, Sérgio Buarque de Holanda, Josué de Castro, Gilberto Freyre e tantos? Estes e muitos outros nomes deram grandes contribuições para o país em suas áreas de atuação e hoje são muito mais lembrados, exaltados e estudados fora do Brasil do que aqui. Por que isso ocorre? Por que temos que remar contra a maré? Por que temos que aceitar uma educação sistematizada, utilizando-se de elementos e pessoas enfadonhas que nada tem a acrescentar para o engrandecimento da sociedade brasileira?

São muitas as perguntas e bem poucas as respostas. Isso só ocorre nos dias atuais por falta de um basta. A atual e as futuras gerações de brasileiros é quem terão que quebrar os laços de ranços de uma tradição que beneficia uma minoria ao longo dos séculos de colonização do país.

Não seria mais fortificante estudar e crescer diante das pesquisas de um Milton Santos, Josué de Castro e Aziz Ab¿Sáber na área de Geografia? De um Celso Furtado na de Economia? Caio Prado Jr, Sérgio Buarque de Holanda e Evaldo Cabral em História? Darcy Ribeiro e Gilberto Freyre em Sociologia? Olavo de Carvalho em Filosofia? Paulo Freire e Maurício Tragtenberg em Educação? Daria para citar dezenas de tantos outros nomes ilustres da intelectualidade brasileira, mas este artigo se tornaria uma lista de citação de nomes. Não é este objetivo a que se propõe.

A idéia visa apenas alentar, desabafar e gritar diante de um mundo em que poucos querem ouvir, ver e saber as razões pelas quais o Brasil não segue adiante. Dizem que estamos entre as dez maiores economias do mundo, mas não conseguimos ver a cor do dinheiro desta riqueza. Tudo no Brasil respira ficção, mas vive-se uma realidade espúria, de completa exploração econômica e intelectual de uma minoria de privilegiados sobre uma maioria desagregada que não encontra forças para se unir e dar um basta nisso tudo.

Esperançoso, creio que nos anos que virão faremos uma completa revolução e aí quem sabe a história deste país será escrita, definitivamente, sobre a base da verdade. É uma questão de tempo. Até lá, a paciência ainda é o melhor caminho, mas urge que o povo oprimido e excluído se organize, de fato, para encurtar este tempo da esperança.

[Este artigo foi publicado em meu blog Gritos & e Sussurros do dia 7 de novembro de 2003]

LEUENROTH: LIBERTÁRIO, DE FATO

Libertário convicto e jornalista de brio, Edgard Leuenroth foi pioneiro na tentativa de transformações sociais do Brasil. Suas convicções anarquistas alcançaram todo o mundo com seus escritos

Se ele vivesse nos dias de hoje e agisse como agiu no passado certamente que seria tido como louco, visionário ou algo semelhante. O jornalista Edgard Leuenroth, nascido em 1881, filho de farmacêutico alemão, além de ter sido jornalista brilhante, foi um dos mais importantes publicitários dos movimentos anarquistas e sindicalistas.

O que ele agitou na sua época é de fazer inveja a Lula, Zé Dirceu e cia. No lado positivo, em favor, realmente ao Brasil. Eles nem chegaram perto do que Edgar fez como agitador político. Sua militância em favor dos trabalhadores brasileiros teve início logo cedo. Com dez anos, abandonou os estudos e se meteu a trabalhar em tipografias, iniciando uma carreira meteórica como jornalista, atuando em diversos jornais, usando sempre a imprensa a favor dos direitos sociais da classe trabalhadora.

Na política, iniciou as atividades como membro de organização socialista, mas a convite do poeta Ricardo Gonçalves passou a integrar e defender o movimento anarquista no Brasil.

COM...
... apoio de Neno Vasco e Manuel Moscoso, fundou, em 1905, o jornal Terra Livre que circulou ininterruptamente por cinco anos. Depois, em 1912, dirigiu ‘A Lanterna’, semanário anticlerical, que foi substituído por ‘A Peble’, que durou de 1917 a 1927.

ALÉM...
... de jornalista, Edgard era tido como brilhante orador, organizou sindicatos, liderou greves e movimentos de protestos na provinciana São Paulo das décadas de 10 a 40. Foi preso por diversas vezes. Eram seus companheiros de ideais: Everardo Dias, Orestes Ristori, Gigi Damiani e José Oiticica, ex-professor de língua e literatura portuguesa em Hamburgo.

FOI...
... através de suas idéias, escritas em suas colunas, que Edgard passou a explicar para os paulistanos as tendências socialistas e comunistas da época. Pode-se afirmar que ele foi precursor para o surgimento do Partido Comunista do Brasil, que nasceu sob as hostes do anarquismo brasileiro.

EM 1919...
... publica um libreto de 128 páginas, intitulado ‘O que é Maximalismo ou Bolshevismo: programa comunista’, que daria o primeiro passo para o lançamento do Partido Comunista em São Paulo.

MAS...
... foi em março de 1922, com amigos ilustres, como Otávio Brandão, o escritor Afonso Schimidt e Astrogildo Pereira, que Edgard fundou o Partido Comunista. Apesar de todos eles serem anarquistas, apenas Edgard se manteve fiel neste ideal até a morte.

HÁ...
... muito que falar e escrever sobre Edgar Leuenroth. Seriam necessárias páginas e páginas deste blog para descrever as façanhas deste jornalista maravilhoso, esquecido pelos colegas de hoje. Seu exemplo de luta, corporativismo e dedicação à classe trabalhadora deveriam ser memorizado e perpetuado pelos jornalistas brasileiros para sempre.

QUEM...
... deseja conhecer melhor a vida, obra e ação política de Edgar pode acessar o site da Unicamp (Universidade de Campinas), cujo endereço é http://www.arquivo.ael.ifch.unicamp.br.

[Este artigo é reproduzido do meu blog Gritos e Sussurros do dia 18 de agosto de 2003]

domingo, setembro 11, 2005

O MUNDO É DAS MULHERES


Hillary Clinton: mulher de coragem

Olga Benário: mulher destemida e guerreira


Golda Meir: mulher de fibra

Os machistas de prontidão que me perdoem, mas acho que está mais do que na hora do Brasil ser governado por uma mulher. Com as transformações que o mundo está passando atualmente, por todos os lugares a mulher está impregnada. Eu, por exemplo, já perdi uns quatro cargos de chefia de redação para mulheres. Creio que não tenha sido por incompetência da minha parte. Alegaram os donos dos jornais que foi por redução de custos, já que as mulheres ganham menos e trabalham muito mais. Depois fiquei sabendo que, além disso, as mulheres contratadas são mais submissas e dóceis quando o interesse é a defesa do patrimônio da empresa.

PODE até ser. No entanto, muitas destas mulheres deram rasteiras em gerentes e diretores destas empresas e ocupam hoje os cargos que antes eram destes.

EU CRESCI num ambiente só de mulheres. Quando criança, minha casa vivia estocada de mulheres. Com minha mãe e irmã, eu era o único homem. Os outros irmãos (homens) acabaram ficando com meu pai, que era separado de minha mãe. Diante disso, me sentia um rei, pois era muito paparicado e acariciado pelas mãos macias das mulheres. Bons tempos.

AINDA HOJE, vivo na mesma situação. Ou seja, rodeado de mulheres. Só que agora são quatro filhas e mais a esposa. Os carinhos destas já não são tão carinhosos como os de antigamente. Ocorre que, por ser pai, elas me cobram mais. Por mais que eu tente, não tenho voz ativa. Sou sempre voto vencido. Também pudera!

COMO DIZIA, minha casa vivia cheia de mulheres. O motivo? Tratava-se de reunião para colocar as conversas em dia, fofocas mesmos. Entre um assunto e outro, a mulherada discutia muitas questões pertinentes à política, principalmente sobre sucessões eleitorais. Neste aparte minha mãe era especialíssima. Entendia muito de política e era uma espécie de conselheira sobre o assunto.

HOMENS DA POLÍTICA vinham até ela se aconselhar ou informar-se sobre a realidade política da cidade. Lembro-me muito bem que todos os nomes que minha apoiava acabavam vencendo o preito, seja vereador, prefeito ou deputado. Minha mãe tinha uma capacidade de liderança política, mas nunca colocou isso em prática, a seu favor. No entanto, dizia que um dia, quando ela já tivesse ido embora, a mulher iria tomar contar do poder político do Brasil.

ACHO QUE ELA tem razão. Não agüento mais estes mesmos nomes disputando as sucessões políticas do país. Quando não são eles, são seus filhos, parentes. Eles estão sempre se perpetuando na manutenção do poder.

NO ENTANTO, por outro lado, está difícil de encontrar o tipo de mulher ideal para comandar este país nos dias de agora. Do PT surgiram algumas mulheres que tiveram ótimas oportunidades de chegar lá.

PRIMEIRO FOI com Maria Luíza Fontenelle. Lembram-se dela? Foi um desastre como prefeita de Fortaleza. Tivemos uma experiência razoável com Telma de Souza no comando da Prefeitura de Santos. Até que não foi mal, mas como deputada deixa a desejar. Luíza Erundina me pareceu uma mulher de fibra, mas foi abandonada pela turma do PT na Prefeitura de São Paulo e derrapou naquele triste episódio do caso Shell e Fórmula 1. No Rio de Janeiro, há Jandira Feghali, em quem ainda deposito alguma fé caso chegue a um cargo executivo.

MAS DECEPCIONANTE mesmo tem sido, pelo menos para mim, é a sexóloga Martha Suplicy. Já não ia muito com a cara dela por sempre ter pertencido aos esquemas da Rede Globo e menos agora como prefeita de São Paulo. Ela não perde em nada para Paulo Maluf em termos de demagogia.

NO CONTEXTO MUNDIAL, quem pode ser o exemplo de mulher para comandar o Brasil, me pergunto. Eis alguns exemplos de mulheres. Particularmente, sempre admirei Golda Meir. Acho que ela soube ter pulso firme quando era primeira ministra israelense. Até hoje os palestinos ressaltam que era muito melhor negociar com ela do que com Ariel Sharon. Apesar de judia, Golda era soviética de nascimento. Teve uma vida árdua, mas encontrou muita fibra para vencer as tempestades do cotidiano. Para mim é o tipo de mulher exemplar para governar política e administrativamente.

OUTRA MULHER que admiro, nem tanto por sua competência política, mas por sua capacidade de sobreviver ante a confissão do marido de assédio sexual na Casa Branca. Vejo em Hillary Clinton o tipo de mulher corajosa, mas não sei se teria o mesmo brilho no comando político da maior nação do mundo.

ACHO QUE O ESPÍRITO de mulher ideal para governar um país como o Brasil, imagino, teria que ter as qualidades que teve Olga Benário ou Olga Prestes, aquela mesma alemã que Getúlio Vargas e seu staff enviaram para os nazistas para ser morta na câmara de gás.

ATÉ HOJE, confesso, que não sei como Luis Carlos Prestes acabou se enturmando com Getúlio anos depois. Este é um tipo de perdão que só caberia a Deus. Isso se Getúlio tivesse se arrependido do que fez. das muitas barbáries que cometeu ao longo dos quase 19 anos que administrou este país.

GETÚLIO REPRESENTOU um longo atraso para o Brasil. Dizendo isso, sei que muitos getulistas vão preferir me trucidar, mas temos que falar a verdade. Aliás, são das faltas de verdades em sua história que o país carece tanto de nobreza e integridade.

EM BLOG futuro vou continuar pesquisando o tipo de mulher, a meu ver, para governar este país. No entanto, estamos no caminho certo. O mundo é cada vez mais das mulheres. Ainda bem! Que elas não se ofusquem e sejam piores do que nós temos sidos até agora.

[Este artigo foi publicado em 22/8/2003, em meu outro blog, cujo endereço é www.emvoodepassaro.blog-se.com.br]