sábado, setembro 10, 2005

O FALCÃO E A ÁGUIA


[Este conto muito interessante foi tirado desta página - www.saindodamatrix.com.br/ archives/2002/06/o_... - por mim para ilustrar este blog, cujo assunto tem muito a ver com o nosso propósito]

Conta uma velha lenda dos índios Sioux, que uma vez, Touro Bravo, o mais valente e honrado de todos os jovens guerreiros, e Nuvem Azul, a filha do cacique, uma das mais formosas mulheres da tribo, chegaram de mãos dadas, até a tenda do velho feiticeiro da tribo:

__ Nós nos amamos, e vamos nos casar - disse o jovem. E nos amamos tanto que queremos um feitiço, um conselho, ou um talismã, alguma coisa que nos garanta que poderemos ficar sempre juntos, que nos assegure que estaremos um ao lado do outro até encontrarmos a morte. Há algo que possamos fazer?
E o velho, emocionado ao vê-los tão jovens, tão apaixonados e tão ansiosos por uma palavra, disse:

__ Tem uma coisa a ser feita, mas é uma tarefa muito difícil e sacrificada... Tu, Nuvem Azul, deves escalar o monte ao norte dessa aldeia, e apenas com uma rede e tuas mãos, deves caçar o falcão mais vigoroso do monte e trazê-lo aqui com vida, até o terceiro dia depois da lua cheia. E tu, Touro Bravo __ continuou o feiticeiro - deves escalar a montanha do trono, e lá em cima, encontrarás a mais brava de todas as águias, e somente com as tuas mãos e uma rede, deverás apanhá-la trazendo-a para mim, viva!

Os jovens abraçaram-se com ternura, e logo partiram para cumprir a missão recomendada. No dia estabelecido, à frente da tenda do feiticeiro, os dois esperavam com as aves dentro de um saco. O velho pediu, que com cuidado as tirassem dos sacos, e viu eram verdadeiramente formosos exemplares...

- Agora - disse o feiticeiro, apanhem as aves, e amarrem-nas entre si pelas patas com essas fitas de couro; quando as tiverem amarradas, soltem-nas, para que voem livres.

O guerreiro e a jovem fizeram o que lhes foi ordenado, e soltaram os pássaros. A águia e o falcão tentaram voar, mas apenas conseguiram saltar pelo terreno. Minutos depois, irritadas pela incapacidade do vôo, as aves arremessavam-se entre si, bicando-se até se machucar.

E o velho disse:

__ Jamais esqueçam o que estão vendo; este é o meu conselho: Vocês são como a águia e o falcão; se estiverem amarrados um ao outro, ainda que por amor, não só viverão arrastando-se, como também, cedo ou tarde, começarão a machucar-se um ao outro.

Se quiserem que o amor entre vocês perdure, voem juntos, mas jamais amarrados.

Autor Desconhecido.

ÁGUIA POR ONDE VOAS?



[Este poema coletei do blog.ispower.org/turtle/ archives/2004_01.html. Achei interessante e resolvi ilustrar a página de hoje]

por onde andas a voar águia desaparecida?
um dia em que precisei de ajuda apareceste a voar no meu céu...
um dia em que precisei de desabafar deste-me a tua asa...
um dia em que não sabia que fazer da minha vida aconselhaste-me.
hoje não sei por onde andas....
desapareceste...
num raio de sol?
num raio de luar?
desapareceste...
triste realidade mas...
recordo as palavras de apoio...
e tento sempre não faltar ao prometido...
e quando voares por estes céus...
recorda que aqui existe alguém...
que te agradece para o resto da vida...
e...que nunca esquece...
aquela águia que um dia cruzou os céus...

UMA ESTRÊLA SE DEFINHA

O PT não traiu somente suas propostas de ideais, mas todos os eleitores que depositaram nele a confiança de dar um novo enfoque ao país, assim que chegou ao poder. Até os que não votaram e mesmo os mais aguerridos adversários também se encontram surpresos com as intermináveis notícias de corrupção em todas as redes de governos do país: de uma minúscula prefeitura do interior ao governo estadual, até mesmo nos parlamentos e instituições privadas.

Até os mais conservadores integrantes do partido, como Plínio de Arruda Sampaio, estão horrorizados com o que está acontecendo no maior partido de esquerda, em tese, do Brasil.

A mim nada tem me surpreendido a não ser o volume de fatos. Quando o PT conseguiu eleger a primeira prefeita do país, em Fortaleza, com Maria Luíza Fontenelle, e começaram a pipocar uma série de denuncias e fraudes naquela administração, as quais ficaram maciçamente comprovadas pelo turbilhão de notícias, naquele momento ficou caracterizado o prenuncio do que seria o futuro do partido.

Porque digo assim. Naquele momento se o partido tivesse tomado decisões firmes e coerentes com sua ética e de forma imediata, muito provavelmente, teria coibido outros tipos de práticas que se sucederam ao longo dos anos.

De lá para cá, os ‘caciques’ do partido, entre os quais José Genoíno, José Dirceu e Lula, foram coniventes com umas séries de irregularidades que tomaram conta do partido ao longo dos anos. Hoje se percebe porque a necessidade da conivência. Uma grande rede de desvio de dinheiro para o exterior, os quais, muito provavelmente, obtido ilicitamente, serviu para montar a estratégia do partido de tentar se perpetuar no poder.

Com tudo isso se desmoronando, fico imaginando aqui com meus pensamentos tristonhos do tempo perdido em intermináveis horas de reuniões para elaborar estratégias, idéias e participações em passeatas de protestos, elaboração de greves, agitar as classes para lutar por seus direitos, arregimentar trabalhadores e idealistas em torno de uma nova proposta inédita em que o trabalhador, no futuro, iria governar o país. Além disso, quantas vezes tínhamo-nos que se esconder da polícia do sistema militar.

Me pergunto: de que adiantou tudo isso se tínhamos uma estrela que brilhava em toda a América e hoje se definha? A sensação que se tem é que fomos utilizados por esta corja apenas para atender os interesses promíscuos. Gentinha da pior espécie.

Se perseguíamos Maluf e tantos políticos pelos seus desmandos, temos que ter a nobreza de perdoar a estes, já que tínhamos do nosso lado uma corja que soube ser pior que eles. O presidente Fernando Collor, que foi cassado ilegalmente e ganhou, recentemente, este reparo na Justiça, merece o perdão de todos os petistas honestos, pois, os nossos ‘companheiros’ souberam ser piores do que ele, se realmente cabe alguma culpa a ele.

Até Fidel Casto está surpreso com a avalanche de denuncias na esquerda brasileira. Teria ele coragem de dar guarida para José Dirceu, José Genoíno, Lula e demais lacaios caso a Justiça seja implacável com eles? Espero que o comandante da Ilha seja autentico e não quebre o protocolo ético do socialismo.

sexta-feira, setembro 09, 2005

JÂNIO TEVE MAIS DIGNIDADE

Muito mais dignidade teve o professor Jânio Quadros, em 1961, ao renunciar ao presidente da República quando percebeu que não contava com mais com o clamor popular para governar o país e promover as medidas necessárias para que o país saísse do atoleiro em que se encontrava. “Forças ocultas me impedem de governar o Brasil”, foi a justificativa que Jânio encontrou para afirmar que estas ‘forças ocultas’, mais acertadamente seria o Congresso Nacional, com seus deputados e senadores. A mesma instituição que manda e desmanda nas ordens deste país, pois é nela que estão concentradas as classes beneficiadas.

Bem, no caso de Lula, a responsabilidade pela falha de governabilidade do país é única e exclusivamente dele. Pois durante quinze anos, ele e seus lacaios ficaram convencendo a sociedade brasileira de que suas propostas seriam as melhores. Após quatro tentativas, Lula venceu a eleição mais fácil da história do país e passou a ser o primeiro operário a governar os brasileiros. Todos que voltaram nele, principalmente os pobres, oprimidos e excluídos, despejaram suas esperanças de que um ex-retirante nordestino fosse o salvador. E Lula, sem se fazer de garbo, aceitou esta pecha e foi mais adiante, exibindo-se como o defensor da paz e das ansiedades dos povos latinos americanos e até do continente africano. Almejou com isso o Prêmio da Nobel da Paz, tentando seguir, em vão, Nelson Mandella.

Um bom governante se mede pela atitude que deve tomar antes dos primeiros problemas de sua administração. Quando se deparou com a questão dos transgênicos, Lula não tomou a posição que deveria ter, ou seja, acompanhar a lei. Preferiu se esquivar dela e atender aos anseios dos grandes produtores de soja, principalmente do Rio Grande do Sul, estado pelo qual foi o mais beneficiado em termos de representação em seu governo.

Eu, particularmente, apesar de sido participante da fundação do PT em minha cidade, jamais fui lulista, sendo mais da linha de Jacob Bittar. Ou seja, mais trotskista. Radical sim, mas liberal para conversar com qualquer seguimento, desde que os princípios que me conduziam não fossem contaminados pelos setores direitistas deste país. Tenho pagado um preço alto por esta integridade, mas pelo menos tenho a consciência limpa de que jamais crescerei sob dinheiro sujo.

Conheci Lula em situação bem adversa da hoje. Lembro-me como se fosse. Foi em Mongaguá e numa situação inusitada. Enquanto ele residia, com certo conforto em São Bernardo, sua mãe e irmãos padeciam em favela, às margens da rodovia Padre Manoel da Nóbrega. Avisados com antecedência, eu e mais o pessoal do jornal Mongaguá Notícias ficamos sabendo que Lula viria visitar sua mãe, de madruga. Ficamos de tocaia e eis que surge um carro preto, estilo Opala Comodoro, e dele sai Lula. Ele ficou surpreso com o espocar de flashs da máquina fotográfica. Como explicação, ele disse que agia daquela maneira por causa da ditadura militar.

Ao ver aquela cena, passei a desacreditar inteiramente nele, mais ainda da impressão que já possuía. Daí em diante, acompanhei cada passo dele e do partido. As decepções passaram a ser muitas, principalmente com as ascensão do playboy Eduardo Matarazzo Suplicy e de Marta, penetra da Globo no partido. Me afastei ideologicamente do PT, apesar de jamais, assim como minha esposa, se desfiliar.

Quando disse, após a sucessão de escândalos em seu governo, que não havia no país alguém para falar de moral mais do que ele, percebi que Lula, além de ator fajuto, era também mentiroso. Pois quem conviver com ele, sabe que jamais ele foi ético nem mesmo consigo. Lembra-se do caso do filho fora do casamento que ele escondeu e que Collor denunciou? Se tivesse tido um pouco de ética, realmente ele teria assumido este filho. Mas não preferiu a omissão.

Como ele pode falar de ética, se pronunciou discurso, se não me falha a memória em seu primeiro ano de governo, ao afirmar que jamais foi socialista e que seu governo não seguiria esta linha.

Agora, desolado, sem partido, sem amigos, sem apoio popular e perambulando pelos corredores do Palácio, resta a ele a dignidade de que chegou ao fim da linha e renunciar. Além de responder na Justiça pelas atrocidades que cometeu com o dinheiro público. Dinheiro este que deveria estar matando a fome de milhões de oprimidos e excluídos, os quais, um dia, acreditaram que Lula seria o papai-noel da vez no Brasil.

Temos que recomeçar tudo de novo. E acreditar em quem?