quinta-feira, outubro 06, 2005

A influência schaupenhareana sobre o pensamento de Friedrich Nietzsche


Nietzsche, como se sabe, antes de se tornar filósofo na acepção da palavra, foi filólogo (sabe o que é isso? = estudos das linguagens e escritas, principalmente as antigas). Antes porém, tentou Teologia, atendendo desejos da família, já que seus antepassados foram pastores protestantes. Seu avô paterno, Friedrich-August-Ludwig (1756-1826) alcançou fama como pregador, tendo sido autor de livro sobre Gamaliel: uma autentica apologia ao Cristianismo, o que lhe valeu o título de doutor pela Universidade de Konisgsber, terra onde nasceu Kant. Incrível coincidência, não? O pai, Karl Ludwig (1813-1849) foi preceptor dos filhos do Duque da Saxônia e sua paróquia confiada ao rei da Prússia Friedrich Wilhelm. Por isso, Nietzsche foi batizado com estes nomes, como prenomes.
Com base nesta estrutura educacional da família e tradição da mesma, teve toda uma trajetória plenamente elaborada por seus pais e tios. Mas, ele começou a se desvirtuar disso tudo, quando, adolescente, foi estudar em colégio renomado de Pforta. Depois foi para Bonn estudar Teologia. No entanto, acabou trocando Bonn por Leipzig e entra para o curso de Filologia. Curiosamente, influenciado por grupo de amigos intelectuais passou a ler os clássicos gregos. Seu sonho era ser poeta, fazer composições musicais. Daí em diante, não parou mais de ler e quanto mais lia, mas aumentava suas incertezas sobre o mundo da filosofia e suas crises existenciais. Começa por Kant, passa por Lange e Hegel e esbarra em Schopenhauer, cuja leitura o comprometeu para sempre da idéia de ser teólogo e filólogo. A vocação de pastor, então, desapareceu imediatamente quando leu 'O mundo como vontade e representação'.
O pessimismo de Schopenhauer o convenceu definitivamente a deixar de lado o otimismo de Kant.
Como buscava a verdade no campo da filosofia e, principalmente, da teologia, Nietzsche encontrou em Schopenhauer aquilo que buscava na teologia. Eis o trecho que chamou a atenção de Nietzsche sobre Schopenhauer: “A verdade é que todo aquele que vive, sofre. Eis a Essência da existência. Pq este sofrimento? Porque existe desejo. Viver é desejar, desejar é sofrer. Viver é, portanto, sofrer. Se há uma maldição que pesa sobre os homens, é esta”.
Para Nietzsche, encontrava-se aí a solução definitiva sobre a permanência da maldade humana no mundo. Ou seja, basta ao homem encontrar um meio de controlar o desejo que as dores (maldades) cessarão, o que isso torna-se quase que impossível que ocorra nos dias atuais, devido à cobiça do homem, como é o caso do consumismo, liberação sexual, sucesso profissional a qualquer custo.
Jesus já alertava sobre isso, quando dizia que o homem deve se livrar das coisas deste mundo. Interessante não?
Para viver mais de perto este apontamento de Jesus, Nietzsche deixou de lado tudo e a todos e foi ao front, conviver diretamente com a guerra. Saiu de lá horrorizado ainda mais e quase morreu.
Depois de pirar com as leituras de Schopenhauer, passou a se dedicar mais aos clássicos gregos, à musica (quando se apaixonou e depois odiou Wagner) e ao Cristianismo, onde entrou em conflito permanente com o seu eu.
Seus últimos dias foram de isolamento total. Mas há mais a se falar sobre a relação de Nietzsche e Schopenhauer. Não há como deixar de falar dos dois. É mesma situação que ocorre entre Kant X Hegel, Hegel X Marx, Trotsky X Stálin, Jesus e o Diabo, e Sartre X Camus, além de tantos outras duplas conflitantes nas idéia entre o Bem e o Mal.

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